Faz hoje uma semana que a Tutti foi embora.
Aqueles que leram o post anterior sobre ela, sabem que não quis embora da primeira vez que a libertei. Sendo assim, ficou a viver cá em casa em regime de semi-liberdade, ou seja, durante o dia estava na varanda com a porta da gaiola aberta e à noite vinha para dentro de casa.
Ao serão, enquanto eu tratava das coisas da casa, ela andava à solta, apenas com a limitação de não ir para a divisão onde estivesse a gata (por motivos óbvios).
Bastava pôr um pratinho com água para ela ir logo chafurdar.
Caçou borboletas...
... e grilos que comprei especialmente para ela e que deviam ser um grande pitéu porque os comia às dezenas (e os que sobraram tornaram-se "animais de estimação" e vivem agora nos vasos da minha varanda) ...
... saltitava sobre tudo e mais alguma coisa, mas o "poiso" preferido era, sem dúvida, o meu ombro. Se já estávamos ligadas uma a outra anteriormente, mais ficámos durante essa semana.
Mesmo na varanda, ela vinha muitas vezes para perto de mim. E assim viveu durante uma semana. Quando queira saía da gaiola, quando lhe apetecia estar sossegada voltava para dentro.
Explorou cada centímetro da varanda. Tomou banho nos pratos dos vasos das flores e fez enormes "crateras" na terra dos vasos. Andava entretida, mas nunca foi para longe (penso eu porque não estava sempre em casa, nem a olhar para ela).
Até ao passado sábado. Havia um invulgar número de passarinhos em redor do prédio e a Tutti ficou curiosa com as movimentações. Ora entrava na gaiola, ora saía. Voou várias vezes para o parapeito para os ver melhor.
Depois voou para dentro de casa em direcção à cozinha à minha procura. Estivemos por ali um bocado e depois pu-la no dedo e levei-a até à gaiola dela. Por ali ficou mais uns minutos até que os sons dos pássaros da rua e o apelo da Natureza foram mais fortes.
Primeiro voou para a varanda do vizinho e ficou a olhar para mim uns minutinhos. Depois foi para um terraço de um prédio vizinho e ali esteve mais um bocadinho. Em seguida, voou para o outro lado da rua e acabou por ficar na estrada.
Com medo que ela fosse atropelada, desci a correr, mas quando lá cheguei já só tive tempo de a ver voar para uns pinheiros mais longe. Foi a última vez que a vi e ouvi.
Fiquei super-preocupada com aquele "súbito desaparecimento" e fartei-me de andar pela mata para tentar vê-la e/ou ouvi-la só para me assegurar de que ela estava bem. Não a encontrei nem ela voltou para a varanda. Talvez se tenha desorientado por ter voado para tão longe. Talvez tenha percebido que o lugar dela não era aqui. Não sei.
Nesse dia, e nos que seguiram, andei triste, pensando que pudesse ter acontecido o pior. Estive completamente concentrada em todos os pássaros que via e ouvia, mas depois comecei a reflectir e agora acredito que ela esteja bem.
Afinal de contas, a Tutti foi embora quando quis, quando se sentiu preparada para isso e havia muitos passarinhos que ela pode seguir para encontrar outro poiso seguro.
E esta foi a última foto que lhe tirei uns segundos antes de ir embora.
Boa sorte Tutti!