É um daqueles problemas que pode parecer distante para quem vive nas grandes cidades. Mas nas zonas rurais, a utilização de venenos para matar animais indesejados ainda é relativamente comum. A prová-lo está a naturalidade com que é atendido alguém que numa drogaria pede um produto para matar uma raposa.
A lei tem vindo a tornar-se mais restritiva. Impuseram-se regras para quem vende e, nos últimos anos, largas centenas de produtos fitofarmacêuticos foram sendo retirados do mercado por razões de segurança para a saúde humana e o ambiente. Contudo, subsistem falhas no controlo, tanto na comercialização como na utilização.
Com câmara oculta, fomos a duas lojas e pedimos que nos vendessem um produto para matar raposas que supostamente nos teriam comido aves de capoeira. Em ambas as lojas, não só nos venderam pesticidas, como nos explicaram como fazer um isco envenenado. Sem rodeios. A explicação é crua: "põe uns bocados de carne, compra um insecticida forte e injecta-o na carne. Depois a raposa come e morre." No rótulo de um dos produtos vendidos sobressaem os símbolos de tóxico e perigoso para o ambiente.
O Programa Antídoto luta contra esta aparente normalidade, desde 2004. Organizações não-governamentais e entidades públicas como o Serviço de Protecção da Natureza da GNR procuram alertar consciências, mudar mentalidades, denunciar casos de mortandade como o de 2 abutres negros e 8 grifos encontrados já cadáveres numa herdade na região de Castelo Branco no Verão de 2007.